sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

É preciso despertar ; acordem!!!


Os homens sonham sonhos recriados de mitos de seus antepassados. Não acreditam em lendas, fábulas, desertos, mitos, nem em mantos tecidos pela teia da vida. E por não os saberem, tudo se repete.

Ulisses, Teseu, Dédalo. E ela desmanchando na noite de veludo negro, onde só os ventos ouviam seu silêncio, o que havia tecido de dia. Criação, destruição, Transformação. Alquimia, essência da vida, ritual de doação subterfúgio ou desígnio.  [Não me importa.]

 Tantos homens sonhando em serem heróis, caçadores, guerreiros. Mas é ela, a Ariadne em cada uma de nós, mulheres, que tem o fio para trazer de volta de nossos próprios labirintos. Quanto á mim, escolhi uma vida de amar, e aprendi que para ser pleno, teria que amar primeiro o Minotauro que habita em mim. Nenhuma invasão, nenhum herói, nem reis, rainhas ou príncipes. Apenas a vida que eu agüentasse.

Destinos, oráculos, sereias, a verdade é que na pressa se perde o compasso. Para se dançar primeiro temos que aprender a sentir nossa respiração o toque de tambor de nossos corações, transcender o corpo e ser pluma, pássaro e estrela, e entregar á terra a dança as cores os gestos; Ser movimento.


E “o universo grita, esperando o homem acordar de seu sonho ancestral. “


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

NAS CAVERNAS.


Procuro na memória palavras, algo que possa simbolizar traduzir algo, mas tudo que me surgem são imagens.
Lantejoulas, bijuterias, órbitas dos planetas, mulheres adornadas com pedrarias sobre os seios nus. Uma festa que nunca tem fim.
FESTA DOS SENTIDOS.
Ainda que durma, algo sempre permanece desperto, habitando em mim como cores, signos que nada revelam, mas eu sei, nesse império são eles que comandam. Penso como seria dormir sem qualquer órgão dos sentidos pulsando, sem no meio da noite acontecerem festas sobressaltando, despertando as sensações.

Há mil rios em mim, bifurcações que levam á vales, montanhas, de vez em quando nado em algum desvio, ou um afluente de tantas águas que fazem parte de tudo que me transformei.
É sonho quando estou acordada e incorporo, ainda em devaneio, pedaços recortados de outras mulhereres?
NÃO.  Não basta a palavra para criar sentido. Mais fácil com ela criar ilusão. Moldá-la, forjá-la no fogo da criação, dar lhe vida. E depois, espalhá-la pelos quintais, onde ainda houver um, orvalhada, brilhando ao relento e viver a invenção de seu sentido, qualquer que seja, ainda que por pura brincadeira.
Sim, houve festa. Sempre haverá quando nossos espíritos forem livres.E música, diamantes espalhados ao acaso pelos cantos, gente que ainda ousa rir, gargalhar sem querer formar com palavras frases sem sentido, invocar os filósofos para justificar sua profunda ignorância quanto á si mesmo. Elas querem somente o fogo aceso das cavernas de nossos antepassados, o sangue quente dos animais caçados servido, bebido como raro licor.

Embebeda-lhes o passado, os desenhos surgindo pelo corpo como tatuagem, estranhamente. Pulsa em seus corpos as batidas de tambor de seus ancestrais. O ritmo das celebrações do Paleolítico, quando ainda eram guerreiros á caça de carne. E o cheiro de carne entranha na memória. Transpassa as imagens.
 _ Ainda eram guerreiros? Para, pensando por um breve momento. {Será que devo?} E agora?
- O que somos o que restou de nosso passado humano? Nomeamos, rotulamos, matamos sem ter fome, e ainda assim somos aqueles que no escuro da noite precisamos  de alguém que nos ouça, que nos envolva em seus corpos para talvez esquecer os séculos que carregamos sem conseguir apreender  nenhum sentido, ou sentimento , e assim, o melhor é deixar se levar pelo corpo, esquecer ainda que por brevidade, um leve instante no tempo,  junto com outro corpo, ser pulsação, e voltar as cavernas do inconsciente e ter de novo  o poder de ser.