quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Foi Sonho?              
                                       ( Homãpani )

                              Como num sonho,
                              Ritual de Pajés
                                                   Ashaninkas

                             e o cheiro forte da baunilha,
                                              que só eu sentia
                                                  Aywaskar....

                           Fogo,
                                  círculo,
                            calor....
                                             O inverno lá fora,
                      e eu nada via do que esperava ver...

                      Mas meu coração se abria, e era amor...
                     nada mais acontecia, só amor,...expansão do amor

                     E veio em sonho...
                     Era num penhasco
                     era mar, profundidade, pedras

                E a serpente branca
                                    xispando como fogo,
              voando de pedra em pedra.

                Alguém me pega, vamos nos esconder
             mas a serpente branca do oceano de leite saltou,
                  penetrou no meu coração

                        E eu, acordei,
                             meu corpo inteiro tremia
                  Tremeluzia,
                                    serpenteava
                          E não parava

                          Era sonho,
                                     Aywaskar
                Cura de pajés ou imaginação?
                Não me importa saber, apenas sentir...    

sábado, 4 de agosto de 2012

"MAGIA É VIDA. VIDA É MAGIA"




Imaginário. Movimentos que se transmutam, dança música, era uma festa, talvez. E foi quando começou uma conversa meio estranha, ela percebia na sua intenção sorrisos, palavras sedução. –Isso conheço bem. Não vai me seduzir com magia, use seu próprio poder. _ Falou a mulher.

Papo estranho, eu olhei de relance fingindo que não ouvia, como uma exploradora de palavras, cenas, observava para ver onde aquilo iria chegar.
Ele, sorrisos, transparência, rara beleza. Eu olhando. - E o que é magia para você? Perguntou aquele homem tão diferente, algo nele me fazia prestar atenção á tudo que acontecia, quase como se eu participasse da cena.
A mulher bebeu toda taça de champanhe, muito seria olhando nos olhos dele, respondeu: - Para mim a única magia é amor, porque é a única coisa que pode nos transformar. Magia não é também transmutar? Então, amor, e só.

Ele sorria escancaradamente, eu sentia que naquele sorriso a magia não seria necessária para enfeitiçar mulher alguma, mas... Eu era apenas a observadora. Quem sabe um dia aquilo serviria para abastecer algum pedaço de mim?

_Não, e gargalhou profundamente, ele, o homem; e disse: - Magia é vida.  Vida é magia.


Muito tempo se passou desde que ouvi esta conversa, e agora me pego lembrando cada olhar, que não era para mim, cada palavra. E agora entendo. Talvez por que na ausência ou possibilidade dele não estar mais aqui, ele, o outro, de tudo se esvair, como é da magia da vida que as coisas se esvaiam se dilua evaporem e não mais sorrisos não mais conversas nunca mais silêncios plenos nunca mais talvez os brancos o mistério o que ele me revelava só em ser.

A gente só sabe que  vida é magia quando a vida fica por um triz.


PH;; IPOJUCAN





LIVRO DE CABECEIRA



Se as palavras não fossem forjadas como espadas, no aço do silêncio absoluto, já não me interessavam mais.
 Não havia em mim, em você, nos lugares subterrâneos dos encontros entre /- - - - Nada que ousasse silenciar o abstrato das sensações. 

Não havia cores formas delírios signos que dessem conta da densidade de meus maremotos.
Eu existia mutante entre a mulher, a dançarina a artista. Foi quando me lembrei.
Mais já era tarde muito vinho A LUA A PELE, PAPEL, PERGAMINHO,
Um dia volto e quem sabe, .....

IMAGEM; PILOW BOOK

terça-feira, 8 de maio de 2012

É O MOMENTO DAS HISTÓRIAS SONHADAS......



Assim, pensando no poder da linguagem, fui levada ao mundo das histórias, mitos, das histórias que são contadas verbalmente á noite. Na figura da avó. Histórias que me foram repetidas e sempre ouvidas com assombro, interesse, cumplicidade. As mesmas que já adulta leria suas interpretações, seu lado simbólico.


E o que são as histórias? Um poder de transformação que nos chega pelo som [quando contadas], som que é um conjunto de letras, formando palavras, frases, parágrafos, e, assim construindo um universo mítico onde as crianças são levadas pela magia, á reorganizar seu micro cosmo, expandindo sua consciência, recriando seu espaço interno, ou simplesmente podendo sonhar. As palavras têm o poder de evocar imagens, [isto é nítido em um livro bem escrito], assim, podemos afirmar que palavras, sons, criam também imagens. Cientistas já provaram isso, como nas experiências com água e som, mas por que nós não desenvolvemos o poder de confiar? A confiança faz parte também neste processo, [por ex...quem conta a história?]sim, mas isso já é outra história.


Acredito muito no poder também da nutrição; para sermos saudavelmente criativos [e isso não implica em ser artista, por que podemos ser criativos em qualquer setor da vida], precisamos de suficiente nutrição. Assim, devemos nos dar ao luxo de escolher boas companhias, aquelas que nos estimulam , boas leituras, ver coisas que nos iluminam. Nossos sentidos vibram quando é abastecido, nosso ser pulsa quando prova um novo sabor.


 Fazer a mesma coisa de um jeito diferente, usar a palavra como flecha, não para ferir, mas voar com ela.
pintura: Gauguin


sexta-feira, 20 de abril de 2012

ÓPIO



Acordou meio trôpega no meio da noite. “Se até os guerreiros estão cansados e entregando a mãe terra”...sonhara ou teria lido isso em algum lugar?
 Coisas voltam no meio da noite, embaralhadas, mas voltam.
CAMPOS DE PAPOULA!Pensou. Começou a arrumar as malas, algumas poucas roupas, mas para aonde ia? Afeganistão, Síria, Damasco, Marrakesh, [cheiro de açafrão, alcorão?], sonhava com casas de ópio onde pudesse fumar ópio até esquecer.

Não. –Pensou. Não quero esquecer, quero sonhar. A vida é sonho ,é e  é pelo sonho que vamos. Até onde nos permitirmos. Ópio para sonhar?

No oráculo pesquisou ópio, comprou o bilhete, só de ida- Certas viagens não têm retorno, ela sabia.
Precisava do sonho de poder voltar á sonhar.
Check in.

ACORDEI. BOM DIA. [6/3/2012]

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Trecho de "Ele era o mar/" MERGULHE NA CONSUMAÇÃO DO AMOR'



SIM. Se existirem enigmas em sonhos, seriam revelados, lentamente. 
Ou não- Pensou. Porque quase tudo tinha que ser entendido?
Prefiro as cores que esvoaçam, criando linhas, abrindo espaços, rasgando o suposto mistério, o que queima a pele que implora por mais.
-Delirios, jasmins, territórios explorados quase á exaustão, e nunca a imagem revelada.
Sim, existirão palavras criando subterfúgios para o imaginário.

Tudo que é criado parte de uma intenção - Será mesmo?_ Letícia se perguntava, naqueles momentos intermináveis que faziam parte de seu dia .
Lá longe, as cores do dia que se esvaia revelava mais.
Ver no outro um reflexo de si mesmo. Reconhecer em seus labirintos o mundo subterrâneo representado pela espiral. Ah! Lembrou_Mesmo sem saber, era isso que eu pintava?

" MERGULHE NA CONSUMAÇÃO DO AMOR' 
Lembrou de uma antiga lenda da Polinésia. Hina, a mulher que vivia no reino abaixo do mar, e percorreu tantos mundos na busca do amor, completamente desavergonhada, procurando a satisfação do desejo.
Nos mitos, a história de cada mulher . Ou da história que deveria reinar a vida dos seres.
Barcos, chegadas, partidas.
Tantas lembranças embarcando seus pensamentos, que Shakespeare logo surgiu:

‘ A substância de que somos feitos é igual à dos sonhos e entre um sono e outro decorre nossa curta vida”.


Era maio de 2010
           

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

É preciso despertar ; acordem!!!


Os homens sonham sonhos recriados de mitos de seus antepassados. Não acreditam em lendas, fábulas, desertos, mitos, nem em mantos tecidos pela teia da vida. E por não os saberem, tudo se repete.

Ulisses, Teseu, Dédalo. E ela desmanchando na noite de veludo negro, onde só os ventos ouviam seu silêncio, o que havia tecido de dia. Criação, destruição, Transformação. Alquimia, essência da vida, ritual de doação subterfúgio ou desígnio.  [Não me importa.]

 Tantos homens sonhando em serem heróis, caçadores, guerreiros. Mas é ela, a Ariadne em cada uma de nós, mulheres, que tem o fio para trazer de volta de nossos próprios labirintos. Quanto á mim, escolhi uma vida de amar, e aprendi que para ser pleno, teria que amar primeiro o Minotauro que habita em mim. Nenhuma invasão, nenhum herói, nem reis, rainhas ou príncipes. Apenas a vida que eu agüentasse.

Destinos, oráculos, sereias, a verdade é que na pressa se perde o compasso. Para se dançar primeiro temos que aprender a sentir nossa respiração o toque de tambor de nossos corações, transcender o corpo e ser pluma, pássaro e estrela, e entregar á terra a dança as cores os gestos; Ser movimento.


E “o universo grita, esperando o homem acordar de seu sonho ancestral. “


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

NAS CAVERNAS.


Procuro na memória palavras, algo que possa simbolizar traduzir algo, mas tudo que me surgem são imagens.
Lantejoulas, bijuterias, órbitas dos planetas, mulheres adornadas com pedrarias sobre os seios nus. Uma festa que nunca tem fim.
FESTA DOS SENTIDOS.
Ainda que durma, algo sempre permanece desperto, habitando em mim como cores, signos que nada revelam, mas eu sei, nesse império são eles que comandam. Penso como seria dormir sem qualquer órgão dos sentidos pulsando, sem no meio da noite acontecerem festas sobressaltando, despertando as sensações.

Há mil rios em mim, bifurcações que levam á vales, montanhas, de vez em quando nado em algum desvio, ou um afluente de tantas águas que fazem parte de tudo que me transformei.
É sonho quando estou acordada e incorporo, ainda em devaneio, pedaços recortados de outras mulhereres?
NÃO.  Não basta a palavra para criar sentido. Mais fácil com ela criar ilusão. Moldá-la, forjá-la no fogo da criação, dar lhe vida. E depois, espalhá-la pelos quintais, onde ainda houver um, orvalhada, brilhando ao relento e viver a invenção de seu sentido, qualquer que seja, ainda que por pura brincadeira.
Sim, houve festa. Sempre haverá quando nossos espíritos forem livres.E música, diamantes espalhados ao acaso pelos cantos, gente que ainda ousa rir, gargalhar sem querer formar com palavras frases sem sentido, invocar os filósofos para justificar sua profunda ignorância quanto á si mesmo. Elas querem somente o fogo aceso das cavernas de nossos antepassados, o sangue quente dos animais caçados servido, bebido como raro licor.

Embebeda-lhes o passado, os desenhos surgindo pelo corpo como tatuagem, estranhamente. Pulsa em seus corpos as batidas de tambor de seus ancestrais. O ritmo das celebrações do Paleolítico, quando ainda eram guerreiros á caça de carne. E o cheiro de carne entranha na memória. Transpassa as imagens.
 _ Ainda eram guerreiros? Para, pensando por um breve momento. {Será que devo?} E agora?
- O que somos o que restou de nosso passado humano? Nomeamos, rotulamos, matamos sem ter fome, e ainda assim somos aqueles que no escuro da noite precisamos  de alguém que nos ouça, que nos envolva em seus corpos para talvez esquecer os séculos que carregamos sem conseguir apreender  nenhum sentido, ou sentimento , e assim, o melhor é deixar se levar pelo corpo, esquecer ainda que por brevidade, um leve instante no tempo,  junto com outro corpo, ser pulsação, e voltar as cavernas do inconsciente e ter de novo  o poder de ser.