sábado, 17 de dezembro de 2011


Em gestos de pura prata
e o opala que iluminava os dias,
refletia a luz incontida nos olhos....

 Por que ainda era amor,
desconcertava as multidões,
como pequenos escândalos
aconteciam em plena rua, na esquina;

gargalhadas que se ampliavam,
destacando o contentamento que o fogo da noite trazia.
Mas, as coisas se evaporam,
                             se desmancham
( mas não eram amoras, tâmaras, fruit de la passion, e ainda morangos?)

Era, mas já não importava.
Por que tu tomarias um rumo,
e a estrela distante por milhares de anos luz,
se perderia na nebulosa.

Não, não era a questão do tempo.
Foi pelas impossibilidades,... E eu não aprendi essa lição.
Então, me despetalo em pétalas de rosa e ouro.

Muitos viajantes contemplaram o opala de fogo que ainda luzia no meu dedo.
Tinha também turquesa, rubi, topázio imperial, mas nada refletiria seus olhos.
Eu não saberia o brilho que eles teriam.

O percurso é o mais importante. Só porque não existe aonde chegar.
O lugar de chegada já está aqui.
 O coração.
Luas de espelho refletem a essência. E isso já basta.

Pelos caminhos, estou partindo...
 A areia dos sonhos nos lembra que tudo é puro enigma á se desmanchar pelas águas dos sentimentos submersos.
 E Netuno me leva
                     [  pras profundezas, sempre, uma vez mais...

imagem: "E foi no  outono/  90cm x145 cm
                                             

sexta-feira, 24 de junho de 2011




Noite. Eu envolta em luares recortados de outras paisagens.
Transcrevo no imaginário movimentos, linhas, curvas, prata e escarlate.

Crio imagens,
Mordo cores,
Devoro as linhas do meu desenho.

É noite. Todos dormem.
A forma quer ser recriada.
As palavras se insinuam.
Todos roubam meu sonho.

De meus braços já fiz flecha.
Gosto de percorrer espaços disparada no arco, ser quem dispara e ser a flecha.

[trecho de Ele era o mar/ L. Rennó] na pele de Leticia/ é ela quem fala.

sábado, 11 de junho de 2011

Luz



                                     

Procurei no mar, que era onde sempre encontrava.
subi os mais altos morros, não o avistei.

Exausta, nesse corpo efêmero,
inclinei-me além da beleza que buscava comtemplar.

Foi quando o vi.

Refletido em meu rosto, reluzia em dourado
e era tanta luz, que eu soube naquele instante,
que dentro de mim havia forças inesgotáveis.

O que buscava em caminhos tão distantes,
refletia de dentro de mim...

O brilho da minha própria luz.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

"ELA".....





................................................Flutuando etérea e densa pelos ares, ela estava presente quando as nuvens se formaram. Quando as águas se aqueceram, era ela, que com a espada de fogo do conhecimento, e com a flecha da palavra, aqueceu os lagos, mares e rios.

Ela é a indestrutível força criadora manifesta em cada uma de nós, mulheres que ousamos penetrar no mistério do ser.
Por vezes, surgia montada num terrível leão, e toda uma legião de bravos guerreiros se reuniram para tentar exterminar aquela, que apesar da beleza não revelada, fazia apenas o que seu instinto de mulher desejava. 

Sim, a imagem do sublime era o que ela revelava e talvez por isso tenha sido tão combatida.
Ao ser atacada, com a rotação do tempo a seu dispor, dilacerou as cabeças dos guerreiros, que estavam absortos em conquistas, pensamentos de poder, o que só os deixavam mais vulneráveis. 
 SOBREVIVEU AOS MILÊNIOS  em oferecimento para lutar ao lado do Senhor da sabedoria. Ela conhece a lei da causa e efeito, e todos os Deuses a reverenciam em seus diversos nomes. 
Ela é o desejo de união,
A energia á que tudo penetra.
A destruidora da paixão e da ira.

     Ela é cada uma de nós, em cada etapa do mundo, e se a cidade que seus ancestrais protegeram em tempos passados agora se foi...ela irá reinventar com o poder da destruição e da criação novos mundos. .................................................................................................................................................................................
Certas histórias trazem em si paradoxos. E, se não vivermos os paradoxos, ainda que em histórias recriadas, tudo fica sem sabor [rasa]. De onde teria surgido a estirpe de um ser para nós tão estranho?

obs: 1 das partes  de um texto escrito c; uma amiga.







sábado, 30 de abril de 2011

Ele era o mar [ uma parte qualquer]


.............................Fazia tempo que algo vindo de um espaço não identificado a fazia submergir em seus devaneios.
Ou talvez ela soubesse exatamente da onde vinham, mas a vida prosseguia em seu ritmo, a falta de ritmo também era ritmo ali.
“Havia lido uma frase com a qual se identificara toda sua vida, onde os personagens conversavam sobre o amor:...” você o ama com o corpo? ...Então pode ficar com ele.”
Sempre acreditara nisso,... “Perto do coração selvagem” relerá aquele livro tantas vezes.
E, agora, [olhos marejados pela água das emoções, ha., normal, - pensou]... Começava á duvidar daquela verdade que servia de suporte á sua vida.
Construir, destruir, reconstruir... Coisas básicas... Não, podia se dar ao luxo de não pensar no que era básico.
Sentimentos sim, cores, formas recortes, criação, movimentos se diluindo vibração. Pulsação. Era isso que a fazia viva. O seu básico era outro.
Ta... Mas , é só com o corpo que se ama ? E na distancia, na ausência prolongada, o que era aquilo que a queimava por dentro...

O amor pode sim ser de tantas formas. Pode? Mas em sua plenitude ele não deveria ser vivido totalmente? Letícia se perguntava coisas que podem soar bobas, mas pra quem está longe de quem ama, e lá longe, os sentimentos pareciam se multiplicar, porque na ausência você chega ao espaço do vazio.

Mergulhar, ele está mergulhando... Em algum lugar do mundo aquele homem que a derretia e todas as implicações que isso trazia. Mergulhando- tornou á repetir para si mesma.
Hahahahaha..quem falou que  se as coisas se resolvem com o tempo? Quem falou que transmuta o desejo em outra coisa? Quem? Em que?
O sol, o fogo, o fogo repetiu para si mesma... Coisas que me acolhem. Mas é mais simples aceitar sim        sim, existe um espaço e ele é sagrado onde se ama da forma que é possível, na distancia também se ama sim...e mesmo que tivesse que ir em pensamentos iria lá visita-lo,  no espaço do coração.

A falta de sentido, o que ñ se pode resolver pq está além dos seus ...sei lá o que, é aceitação, amar em devaneios, amar em silêncio, e, pelo dom que trazia consigo, ainda transformar isso em arte.
Haha, mais um desafio, ainda por cima ela mesma tinha essa pretensão... Transformar o não vivido em metáforas, cores, esculturas, desenhos, Fênix, serpentes, oceanos   linhas rabiscos rasgar tudo e febre    febre sempre, normal.

 “O amor é inexplicável.”


Bateu á porta, o sol... E tantas coisas deixadas de novo para mais tarde.

segunda-feira, 14 de março de 2011





E o que eramos, transbordava pelas frestas. Nas transparências projetadas, era o âmbar rasgando tudo com o poder da cor. Era líquido e era gasoso, era lugar algum era sem tempo, coisas tão maiores que o normal que eu não ousava me mover. Parada, sentia o vento quase cortando minha pele, palavras não havia para exprimir o momento e o silêncio era tão forte que por um momento achei estar sendo jogada num outro tempo. Outra dimensão inusitada, talvez, onde cores translúcidas pudessem exprimir meu sentimento e revelar meu lado escondido..................

tela: "Dança comigo"? 90cm X 144 cm

domingo, 27 de fevereiro de 2011

PRIMEIRO ERA O AMOR [ ultima parte ]




................................................. Eu gosto de tudo que quando faz atrito gera calor.
Falta de pontuação  exclamação  virgula , e daí, se o mundo gira tudo gira numa velocidade que já não podemos mas ainda assim , alguns ainda tentam acompanhar eu não      deixo meu próprio ritmo me levar que não fui feita para seguir a ultima novidade em cosméticos e pouco me importa a novidade tecnológica feita para separar ainda mais que unir.
Á beira das fogueiras sim, com o calor a evaporar todos os venenos que poderiam restar, a esquentar cada parte de dentro de mim, e é ali mesmo que eu quero e quando quero quero agora   mas estou aqui no computador escrevendo e onde quero estar é só artifício e eu sei disso também.

Não, mas não estou me enganando porque estive lá e lá meu pensamento me leva cada vez que se faz necessário       vertigem       eu despencando mais uma vez     hahahaha   se machucar faz parte meu bem, porque sou de carne e osso  não sou de matéria sonhada  os prótons elétrons as moléculas a física quântica que se danem   não procuro sentido fora de mim e sim dentro.
 Mas ainda assim, e só por que era amor, reverencio aos Deuses que me permitem ainda saltar  dançar criar   recriar   entrar no fogo  incendiar
me queimar  e sempre     sempre amar.
Agradeço ao Deus Tempo por me permitir sempre recomeçar com alegria
E por ter aprendido ser o paradoxo o mistério maior isto me aquece por dentro e mesmo quando a febre do desejo se abranda eu enlouqueço e recomeço tudo de novo.
Foi assim que a vida me ensinou, e ... o que é da essência não se transmuta, só se agrava.

Só tenho  que agradecer sempre tantos presentes que meu corpo me dá.
E , quando nada restar, ahhh, o amor em forma de pássaros ou nuvens sobrevoando desertos      imensidões, por que isso ninguém tira  o amor que é nosso     é nosso    é destino  e é para brilhar como brilham as fogueiras onde sempre me reencontro no mais fundo de mim.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

PRIMEIRO ERA O AMOR [ PARTE III ]



......................................não vai passar eu sei  ainda acho que daquele trapézio posso voar e que o porteau estará lá só que não tem ninguém e      tiraram a rede de segurança  e eu vôo   vôo     porque escolhi que seria assim   um destino feito de começos recomeços e sempre para mais tarde  o que eu não sei  acho que sabia um dia soube mais agora não me pergunte porque é febre   e nesses momentos não posso saber...
Mas era amor, sim, e isso não se dissolve em palavras gestos nem no ar o amor se dissolve porque ele é feito da mesma substancia ele já é puro éter assim o que teria para se desmanchar se perpetua no meu corpo em imagens flashes em acrobacias em qualquer coisa.

Sim, o mundo é selvagem e trazemos isso também dentro de nós, eu sei.
Ninguém ousa deixar de destruir para se proteger é o instinto mas muito além desta precariedade de defesa existe uma outra dimensão  as estrelas talvez   e é pra lá que vou cada vez que preciso me reconstruir.

 A gente escolhe nosso destino, dissem. A gente se faz eu acredito que a gente se desenha   se modela  eu acredito nisso.
Eu vivo á margem de quase tudo algo sempre tenta me puxar pra realidade mas essa já conheço assim bêbada de imagens  sempre imagens sonho com imagens movimentos danças eu sonho com o que?

   Palavras dão sentido ou desfocam o olhar  do alvo?   Musicas em sonho isso pode     pode sim    tudo pode  mas isso começou como mesmo?
 Isso já não me lembro acho que foi quando navegava é eu navegava sem rumo sem desejos pelas montanhas        pelas montanhas também se navega  barcos alados pégasos para velejar  abstração velocidade   eu machucada  mas inteira  era pedra    pedra de rio  fogueira e era você...........................................................

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

PRIMEIRO ERA O AMOR [ parte II ]




.....................................Mas era amor. Se não fosse também, não faria diferença       não faria diferença     faria diferença?
Pouco me importa, o amor chega pelos ares.
Me importa o que estraçalha  o que consegue   desaprisionar o espírito, essa eu que se dissolve em mares  que se perde pelas montanhas cavalgando cavalos de cobre,  que se esborraça sempre, só pelo prazer dos recomeços.
Hahahahaahahaha        eu morria de rir da mesma  forma que me permito chorar pelas ruas    pelos becos que meu coração as vezes brinca em insistir em me arrastar.
 Giro giro giro   os diamantes  o que tem os diamantes eles não me interessam os rubis sim os rubis porque me lembram algo mas o que era não sei ou não consigo lembrar talvez algum sonho ou mesmo meus próprios olhos brilhando no escuro á procura de algo que sei que não vou encontrar.

Mas por instinto tateando no escuro persigo  se insinuam na penumbra do passado corpos de centauros... os rubis  e a luz opala que se espelha de dentro de mim.

Faísca, relâmpagos trovões  a febre esta alta, e quando a temperatura do meu corpo passa de um certo ponto e eu deixo passar mesmo  são as borboletas  as borboletas que voam pelo quarto porque também ninguém nunca soube me explicar e eu gosto desta temperatura alta onde entro em delírio...esqueço que eu também posso ferver  espero passar mas não vai passar.........................................


imagem: Pedra da lua/ 130 cm X 100 cm

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

tu e eu...




Sinto tua presença nas cores que misturo formando linhas,
 sonhos envoltos  em nuvens, sinto você na dança que meu corpo cria,
 nas miragens que se transformam em desenhos.

No galope dos cavalos, é você que está comigo
E ainda que,
Na distância,a  ausência inexiste
Por que tu e eu
Somos da mesma matéria;
Do mesmo sonho

Existências paralelas
Que se cruzam no espaço infinito
O inexistente
Vibra tanto ou mais do que é tocável.


Porque o amor desconhece limites.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PRIMEIRO ERA O AMOR [ parte I ]




Primeiro era o amor. Simples como as manhãs enfeitiçadas pelas cores que ainda se diluíam, no mar, nas paredes da casa, pelo teto... O tempo suspenso, a vontade de deixar de existir para apenas ser.
Manhãs. Sempre sinto o cheiro de feitiço se insinuando pelo ar ao acordar. A selvageria de ser mulher me transtorna.

Sinto o cheiro do açafrão ainda na cama. Desperto tonta de sonhos que se tornam parte do meu consciente instantaneamente.

Só porque primeiro era amor. Mas tudo se dilui, se esfumaça e nos torna ainda mais fortes.

O cheiro do suor dos cavalos em meio aos sonhos, já não é mais açafrão.
 A cor de âmbar do alvorecer invadindo rasgando e eu, suspensa por cordas entre abismos  sei que não posso voar mas mesmo assim me lanço   sobrevôo vales montanhas contornos de mim mesma.

Medo nenhum. Só o medo da falta de entrega me impressiona.
 “Entrega tudo agora”... Ouvi isto certa vez... E me marcou como se marca os cavalos... Com brasa    tudo que queima    que arde que incendeia    devora e se    reconstrói   destrói ferve   arrebenta    pulsa   são essas coisas que me interessam.............................

Imagem: Mãe Dágua , 160 cm X 190 cm [ L. Rennó ]

domingo, 20 de fevereiro de 2011





Se significados já não me interessam, é por que tudo que poderia ser real
se transformou em coisas que já não desejo.
Assim, fico com a beleza que as formas criam, em mim, na terra, ao vento e no espaço, onde por vezes encontro você.  

foto: Ipojucan/ arte e texto: L. Rennó

DOS SONHOS...




A matéria dos sonhos alimento a chama dentro de nós.
Mas as vezes, a realidade é sonho também, e a gente não se dá conta que temos perto da gente algo que em breve pode se evaporar, e brincamos, com palavras, desertos , imagens...

Até que aquilo que era nosso, já não está  mais ali, porque tudo é tão efêmero que já voou.

A vida é apenas um sopro, e a delicia está nisso.
 Sermos presentes, sermos reais ao outro.

Mesmo sabendo que a vida é sonho. E que tudo é brevidade.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Barthes/ criação: L. Rennó/foto;Ipojucan

Talvez fosse pura estrela o que acabaste de matar
A estranha geometria,

A seta desviada,

O desejo exilado, e ainda assim,
Seus olhos que brilhavam como rubis.

Tinhas o segredo do vôo dos pássaros,

E eu, apenas navegava.

A rota de viagem se desloca

No arquipélago do meu coração

Vive Netuno.

Foi ele quem me embebedou .

E nesta estranha geometria dos sentidos,

Faz-se água e tudo se desmancha.


-Por que mataste a estrela mais pura?

CELEBRATION

OLÁ ,estou recomeçando o blog...abs á todos.



Se procuro no ar a forma perfeita para
celebrar a eternidade de um instante
é porque tudo é eterno,
quando é de verdade.

E eu quero celebrar a vida mesmo quando é tão fugás,
a se desvanecer em espumas brancas
em líquidos puros,
em espasmos, soluços, risos....

Eu quero celebrar a vida mesmo quando certos instantes são mesmo fugazes.

E na amplidão do branco que ilumina nossos desejos
e também incendeia novas trilhas,
talvez inalcançáveis,quem sabe,

ou como nuvens que se desmancham
eu também quero me desmanchar


em brancos como se fossem silêncios teus.




[  quadro: Celebration, coleção da artista./ 190cm X 220 cm] poesia L. Rennó