Primeiro era o amor. Simples como as manhãs enfeitiçadas pelas cores que ainda se diluíam, no mar, nas paredes da casa, pelo teto... O tempo suspenso, a vontade de deixar de existir para apenas ser.
Manhãs. Sempre sinto o cheiro de feitiço se insinuando pelo ar ao acordar. A selvageria de ser mulher me transtorna.
Sinto o cheiro do açafrão ainda na cama. Desperto tonta de sonhos que se tornam parte do meu consciente instantaneamente.
Só porque primeiro era amor. Mas tudo se dilui, se esfumaça e nos torna ainda mais fortes.
O cheiro do suor dos cavalos em meio aos sonhos, já não é mais açafrão.
A cor de âmbar do alvorecer invadindo rasgando e eu, suspensa por cordas entre abismos sei que não posso voar mas mesmo assim me lanço sobrevôo vales montanhas contornos de mim mesma.
Medo nenhum. Só o medo da falta de entrega me impressiona.
“Entrega tudo agora”... Ouvi isto certa vez... E me marcou como se marca os cavalos... Com brasa tudo que queima que arde que incendeia devora e se reconstrói destrói ferve arrebenta pulsa são essas coisas que me interessam.............................
Imagem: Mãe Dágua , 160 cm X 190 cm [ L. Rennó ]
Nenhum comentário:
Postar um comentário