segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PRIMEIRO ERA O AMOR [ parte I ]




Primeiro era o amor. Simples como as manhãs enfeitiçadas pelas cores que ainda se diluíam, no mar, nas paredes da casa, pelo teto... O tempo suspenso, a vontade de deixar de existir para apenas ser.
Manhãs. Sempre sinto o cheiro de feitiço se insinuando pelo ar ao acordar. A selvageria de ser mulher me transtorna.

Sinto o cheiro do açafrão ainda na cama. Desperto tonta de sonhos que se tornam parte do meu consciente instantaneamente.

Só porque primeiro era amor. Mas tudo se dilui, se esfumaça e nos torna ainda mais fortes.

O cheiro do suor dos cavalos em meio aos sonhos, já não é mais açafrão.
 A cor de âmbar do alvorecer invadindo rasgando e eu, suspensa por cordas entre abismos  sei que não posso voar mas mesmo assim me lanço   sobrevôo vales montanhas contornos de mim mesma.

Medo nenhum. Só o medo da falta de entrega me impressiona.
 “Entrega tudo agora”... Ouvi isto certa vez... E me marcou como se marca os cavalos... Com brasa    tudo que queima    que arde que incendeia    devora e se    reconstrói   destrói ferve   arrebenta    pulsa   são essas coisas que me interessam.............................

Imagem: Mãe Dágua , 160 cm X 190 cm [ L. Rennó ]

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